ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL

ESCRITORES ORIENTADORES

*Mário Carabajal

A incerteza parece ser uma constante uniforme, presente na vida. Logo, nenhuma surpresa! Apenas, mais um evento comum a todos os seres. Contudo, gera sempre uma certa angústia. Superada quando admitida como também reação psíquica natural frente aos obstáculos ou cursos impositivos que se nos exigem mudar àqueles aos quais encontram-se os Seres habituados.

Os pensadores/escritores, inteligentes e sábios, confundem os leitores, fazendo com que estes, nunca saibam encontrarem-se frente ao pensador, poeta ou poetisa, criativo, em um espaço/campo simbólico metafictício, ou do Ser experimental, por vezes, capaz de contemplar o belo, e em momento imediatamente seguinte, demonstrar, em suas produções, suas alegrias e ou insatisfações, sejam oriundas de seus meios socioexistenciais ou de estágios transitórios que ligam as Grandes Redes Psicomaturacionais da Consciência Humana.

Existe ainda, uma terceira possibilidade, a qual, o segundo, em sua mais nobre missão, dá vida ao primeiro, pensador/escritor. Assim, se fundem, retroalimentando-se.

Porém, um alerta, ao se observar desequilíbrios nos polos resultantes, quando o poeta/poetisa, alimenta-se de si próprio, retirando de suas experiências, a palavra, o verbo. Lançando o Ser/autor, ao Mundo de solidão, para das profundezas, ver nascer um novo Ser, sempre novo, revigorando-se contudo, da perigosa aventura psico/sociorreativa. Podendo, neste difícil emaranhado existencial, perder-se, por falta da maturidade ao difícil ofício literário. Por muitos ignorado, como também minimizados os retornos naturais que pesam sobre todo escritor. O primeiro, pensador livre, poeta/poetisa, cresce à medida que o Ser, físico/humano, é lançado em desventuras, sofrimentos e angústias. Logo, a balança, se faz negativa ao Ser, para positivar-se e mesmo materializar-se no abstrato poético, em essência, força, verdade e contundência, arrastando o Ser a caminhos sempre incógnitos, em graus crescentes de complexidades.

Àqueles que contem com o privilégio de conhecer somente o (a) pensador (a), viverão momentos ímpares de líterorreflexões, com inigualável veracidade, por força tangencial resultante da dualidade PsicoExperimental da origem poética. Àqueles que conviverem sob princípios excludentes, negando os resultados literários, tocando somente o Ser, físico, encontrarão sensibilidade, romantismo, amor... Contudo, àquele, contemplado em conhecer a plenitude e magnitude do Ser, agente/passivo, acompanhando-o aos ensaios, erros e acertos à um fazer reagente/ativo, em equilíbrio com os meios externos, públicos, sofrerá, se despreparado, os reflexos imaturacionais do Ser em sua desordenada busca evolucional.

Em um Mundo em 'aparente' desequilíbrio, vibramos ao encontrar escritores populares e científicos, em completa harmonia, à iluminarem os caminhos de seus leitores. Sobretudo com a necessária consciência, à somar ao enfrentamento dos inúmeros problemas que afligem à Humanidade.

Todavia, ao contrário das amáveis e profícuas posturas, da quase totalidade dos escritores, observam-se, em nosso cotidiano, também àqueles Seres tão somente voltados para si, em suas tortuosas trajetórias ‘ergóicas’ pessoais, refletindo-se em vãs ambições, desejos e conquistas, inconscientes e mesmo inconsequentes, sem despenderem quaisquer esforços em direção ao reequilíbrio homem/meio. Tudo, por falta da efetiva socialização de saberes, unidos à ganância econômica e utilização equivocada de poderes.

Os seres supra referidos, na tentativa de imporem seus desejos, acabam desconsiderando todos os demais Seres e elementos constitutivos da imensurável, porém tangível cadeia sociocinesiologica de interdependência ao coexistir harmônico das múltiplas formas de expressão da natureza.

Particularmente, observo-me, neste imenso e lindo contexto, insignificante, distante do centro do mundo, como muitos enganam-se ao pensarem estar. Sem, contudo, negar constituir momentaneamente, entre tantos outros milhares de Seres de fortes ideais, os elos intercorrenciais ao quase utópico sonho ao Religare. Quando o homem e a Humanidade encontram-se com suas personalidades axiomais à integrar o esforço universal evolucional.

Entretanto, por mais que nos esforcemos, sempre acabamos defrontando-nos com nossa insignificância e limitações humanas, somadas ao curto tempo, devido as atribulações e labores do cotidiano, como também, mais cedo ou mais tarde, quase irrefutavelmente, confrontamo-nos com a inequívoca assertiva de nossos desconhecimentos, comum, em um Mundo constitutivo e reagente à exatas Leis, observadas, desde o macro ao microcosmo.

Logo, nossos pretensos domínios, em diametrais pregressivas equidistânicas ao conhecimento total, em muitos momentos, conflitam-se com a Ordem Universal em Cadeia Reativa, levando os Seres, quando frente a aparente obstacularização à consecução de seus planos, humanos e familiares-corporativistas, a frustrarem-se, antes de utilizarem a própria força natural redirecional integracional, à somar em facilidades à harmonização das constantes vivenciais de experiências.

Parte significativa de nossos pensadores, fazem-se verdadeiros escritores educadores e ou orientadores, em uma perspectiva aberta e pública, atendendo a variadas buscas e necessidades de milhares de alunos-leitores. Orientandos estes, também livres, cientistas, pensadores e autodidatas, são, em sua totalidade, exigentes, deliberando o que 'ler/aprender' e seus autores 'Escritores Orientadores'. Leitores Críticos, validam, ignoram e ou refutam seus Orientadores. Se as respectivas obras de interesses forem aprovadas, pelos leitores, de exigentes e seletivas classificações literárias, passam a absorver, defender e difundir suas ficções, filosofias, teorias, teses e proposições.

Não obstante, as escolhas de obras e autores, se dá, ao irem, seus conteúdos, ao encontro e jamais de encontro às necessidades e buscas dos respectivos leitores, de forma dinamicoevolutivas de possibilidades presentes e projetivas, à condução do respectivo processo civilizatório de integração homem/naureza/universo. Denotando coerência de seus autores, nos mais diversos Estagios Psicomaturacionais da Consciência Humana, à construção da congruencial cadeia cosmobiopsicossociocinesiológica.

Aos Seres, indiscriminadamente, compete o enfrentamente determinado às adversidades, comuns e constantes no curso existencial. Em particular, por estas representarem, em quase sua totalidade, o desequilíbrio rearranjacional humano. Tais problematizações e obstacularizações, necessitam de igual força contrária as suas respectivas reversões, sempre, facilitadas, se em prol da coletividade e Evolução Humana/Civilizatória.

*Professor, Jornalista e Psicanalista. Especialista em Pesquisa Científica; Mestre em Relações Internacionais; Doutor em Psicossomatologia; Doutor em Ciências Educacionais; Pós-Doctor em Filosofia. Escritor, Presidente Fundador da Academia de Letras do Brasil.